Intrigante, tenso e triste...
Fala pessoal!
O que podemos esperar de um bom filme de ficção? Roteiro misterioso? Cenas de ação surpreendentes? Cenários futuristas e tecnologias imaginárias, porém realistas? História intrigante e que nos deixa pensativo após o fim?
Imagine a união de filmes e séries como 1984, V de Vingança, Orphan Black e uma boa dose de Black Mirror.
Pois é. "Onde Esta Segunda?" é tudo isso!
O filme foi uma excelente surpresa para mim. Produzido pela Netflix, o filme foi filmado na Romênia e é dirigido por Tommy Wirkola (o mesmo do péssimo, na minha opinião, filme João e Maria: Caçadores de Bruxas), com roteiro assinado por Max Botkin e Kerry Williamson.
O ano é 2043 e a raça humana vem experimentando um crescimento populacional absurdo, colocando em risco a própria humanidade, uma vez que os recursos naturais vem se degradando e o alimentos vão ficando cada vez mais escassos. A humanidade apela aos cientistas por uma solução, que rapidamente desenvolvem um método para potencializar as práticas da agricultura, aumentando as colheitas e enchendo novamente as prateleiras dos mercados de alimentos.
Porém, o que parecia ser a solução causa um péssimo efeito colateral: A manipulação genética dos alimentos ocasionou um aumento exponencial de crianças com problemas genéticos e o nascimento de gêmeos numa escala nunca antes vista. Assim sendo, ao invés de diminuir, a população mundial começou a crescer ainda mais.
A solução encontrada, endossada pela bióloga e política Nicolette Cayman (Glenn Close), é a seguinte: Cada família só poderia ter um filho. Os demais deveriam ser entregues ao governo sob os cuidados do recém criado Departamento de Alocação de Crianças. A ideia seria colocar as crianças em estado de congelamento criogênico para serem despertadas no futuro, quando o problema dos recursos fossem solucionados. Uma solução elegante e que daria tempo a raça humana de se estabilizar.
Ótimo? Só que não. A falta de transparência do processo causa revolta nas pessoas, que se negam a entregar seus filhos e passam a ser tratadas como criminosas. O plot é revelado, mostrando que o estado totalitário é a solução, dando poder aos agentes públicos de tomarem a força estas crianças pelo "bem maior".
Neste ambiente temos Terrence Settman (Willem Dafoe), que presencia o nascimento de suas netas numa das clínicas clandestinas que se opõem ao regime totalitário. Pela falta de recursos, sua filha, Karen Settman, morre e as netas ficam aos cuidados do avô. Ele decide dar o nome de cada dia da semana para elas, num plano que consiste que cada uma sairia num dia específico e elas seriam uma só pessoa para o governo: Justamente Karen Settman.
Ocorre então um salto de 30 anos, onde a vida cotidiana das irmãs, vividas pela mesma atriz, Noomi Rapace, é mostrada. Para não dar maiores informações, o óbvio acontece, como descrito no título do filme: Segunda desaparece mudando a rotina e a vida das irmãs para sempre.
Como mencionado no inicio, as inspirações são óbvias. Temos a questão do governo totalitário, como visto muito bem no clássico 1984, que diz lutar pelo bem de todos, tomando como forma uma única ideologia e não permitindo liberdades básicas.
Temos a luta contra o sistema e a realidade fictícia, mas com o apelo presente de que é possível acontecer, como vemos na maioria dos episódios de Black Mirror.
E temos Noomi Rapace naquele que talvez é sua maior obra como atriz até agora! Muitas palmas para ela! Se há um destaque nesse filme que merece a atenção é a atuação dessa mulher.
Lembro dela em Prometheus e gostei de sua atuação, embora o filme em questão seja questionável. Aqui, Noomi contracena com ela mesma, dando vida a sete mulheres de personalidades distintas, cada uma com sua particularidade. Isso fica óbvio quando elas tem que sair de casa e se olham no espelho tecnológico programado para manter a aparência pública de Karen Settman. O espelho possui um software que mostra as diferenças e as correções que devem ser feitas na aparência.
Segunda é a mais certinha, enquanto temos a revoltada Quinta, a nerd Sexta. Quarta feira e seu jeito despojado e relaxado. Enfim, cada uma possui um jeito e as cenas onde elas estão juntas são muitíssimo bem feitas. Apesar do orçamento baixo, os efeitos foram bem feitos e não deixam a desejar.
O roteiro mostra o presente com alguns flashbacks, onde a atuação de Willem Dafoe se destaca, revelando os cuidados e a educação rígida que ele deu as meninas, mantendo-as atentas e ensinando como elas deveria se portar diante do mundo. O que afeta uma afeta todas e isso fica bem explícito numa cena das crianças, a qual eu não vou revelar, mas que será óbvia aos que assistirem.
Glenn Close, a eterna Cruella De Vil dos filmes 101 Dálmatas, faz muito bem o papel de vilã com a melhor das intenções num regime totalitário. Apesar disso, achei ela pouco aproveitada em alguns momentos.
A ambientação é muito boa e convincente. Vemos claramente a população mais pobre lutando para sobreviver, com recursos escassos e pouca comida e uma elite que está mais próxima do governo tendo mais regalias. A fotografia é boa e convence o espectador do mundo futurista em que o filme é ambientado.
Por fim, o filme só não é perfeito, na minha opinião, pois o final é um pouco corrido demais, diferente do restante do roteiro. As respostas vem e as motivações por trás dos fatos também, mas de um jeito que deveria ser mais bem estruturado. Acho que se o filme tivesse mais uns 10 minutos seria o suficiente para melhorar este ponto. Nada que estrague a experiência.
Em resumo, é um filme triste, que nos faz pensar ao término, bem ao estilo Black Mirror, mas é um bom filme num mar de filmes duvidosos, principalmente no gênero da Ficção Científica. Uma boa produção da Netflix, com excelente atuação de Noomi Rapace, colocando a atriz sueca num patamar diferenciado, e obrigatório para quem gosta do gênero.
Nota 8, na minha análise.
Gostaram do filme? Gostaram da Análise?
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