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Artigo | Battlefield 5 - Mulheres na Guerra e o mi-mi-mi


Não é lacração!

Fala pessoas!

Antes de mais nada, algumas considerações iniciais:

Nós do Manjaki não defendemos aqui no blog nenhuma ideologia política em especial. Não somos um blog patrocinado e nem temos compromisso nenhum com a EA ou qualquer outra distribuidora de games, livros, filmes, séries ou qualquer outra empresa ligada ao entretenimento. Nossas resenhas são a opinião sincera, tanto por vídeo ou texto, das nossas próprias percepções.

Memorial em Nova York a Margaret Corbin
Dito isto, o assunto de hoje é a polêmica danada que está rolando por conta do novo jogo da franquia Battlefield. Neste novo episódio da franquia, ambientado na Segunda Guerra Mundial, foi revelado a possibilidade de se jogar com personagens femininos.

Tirando o absurdo incrível de estarmos em pleno 2018 discutindo se isso é plausível ou não, mesmo que não houvesse registro histórico de mulheres na guerra, ao que me consta, Battlefield é um jogo e uma obra de ficção que não está obrigada a tratar com realidade fatos históricos em que esteja baseado.

Pseudo-fãs irritados com o fato (pseudo sim, porque acredito que os fãs de verdade não ligaram para o fato), criaram até mesmo uma hashtag #NotMyBattlefield contra o jogo.

Vejam bem, eu sou um dos críticos mais ferrenhos de alterações ligadas a ideologias. Até hoje não me convenceu a Capitã Marvel indiana. Mas aqui não é um personagem que já existia (como no caso da capitã) e que foi alterado.

Vamos nos ater aos fatos, inicialmente:

Mulheres lutaram nas duas grandes guerras - Isso é um fato!



Se retirarmos toda a importância das mulheres nas diversas áreas de atuação que não eram o front de batalha - o que já é um grande motivo para toda e qualquer homenagem - teremos ainda muitos exemplos de mulheres lutando nas grandes guerras.

Maria Bochkareva
Numa pesquisa extremamente superficial da minha parte, a primeira grande personagem é Maria Bochkareva, que em 1917 criou o que ficou conhecido como Primeiro Batalhão Feminino da Morte. O batalhão era composto por 300 soldados mulheres que enfrentaram os alemães na cidade de Smarhon, durante a 1ª Guerra Mundial. Ou seja, se em Battlefield 1, que se passa na Primeira Guerra, mulheres fossem retratadas, não seria um absurdo do ponto de vista histórico.

A história dela é bem interessante e de importância na Revolução Bolchevique, mas também é muito triste. Existem relatos de abusos sexuais dentro do próprio exército e a utilização de Bochkareva e seu batalhão como forma para encorajar os homens a lutarem na época da guerra.

Os exemplos seguem com o relato de mulheres lutando de uma forma extra-oficial, disfarçadas de homens. Temos que citar, por exemplo, Margaret Corbin, que no longínquo 1776 lutou ao lado do marido na Guerra da Revolução Americana. Ela foi condecorada em 1779 como a primeira soldado mulher dos EUA.

Estamos falando de 1776 gente! Acordem!!

Porém a sociedade ocidental nem sempre foi tão aberta as mulheres e nós sabemos das dificuldades que elas passaram nos anos posteriores. Os EUA mesmo passaram a não aceitar mulheres no exército para o front, o que não tira a importância delas, como já foi dito.

Lyudmila Pavlichenko
Na Segunda Guerra temos alguns nomes no exército soviético. Lyudmila Pavlichenko, nascida em Belova, é só a TERCEIRA MAIOR SNIPER DE TODOS OS FUKIN TEMPOS!!!

A mulher matou 309 na sniper. Sim, TREZENTOS E NOVE muquiranas morreram pela arma da mulher. Aí vem o zé cagão falar que não vai jogar Battlefield 5 porque retrata uma mulher na guerra. Lyudmila Pavlichenko está na frente, por exemplo, de Chris Kyle, o Sniper Americano. Fala sério né gente.

Aí temos Marina Raskova, piloto russa, criadora de três regimentos femininos (solicitados ao próprio Stalin) da aviação soviética. Destruiu 38 aeronaves inimigas em 125 batalhas aéreas. Um de seus esquadrões era chamado pelos nazistas carinhosamente de Bruxas da Noite. Considerada até hoje uma heroína soviética. Um dos grupos de bombardeios de Marina descarregou 980 TONELADAS  de bombas nas cabeças dos Nazistas.

Lydia Litvyak, aviadora de caça soviética, conhecida na Segunda Guerra como a Rosa de Stalingrado. Aos críticos da EA neste ponto, coloca aí no google "Rosa de Stalingrado". A mulher se alistou com 19 anos. Enquanto um monte de vocês aí, homens, estão morando com a mamãe e com medinho de trabalhar. A mulher com 19 anos se alistou voluntariamente!

Lydia Litvyak, a Rosa de Stalingrado


Poderíamos citar aqui as quase 1 milhão de mulheres que combateram os nazistas na Segunda Guerra, mas vou parar por aqui.

Paro por aqui porque mesmo que nenhuma destas mulheres tivesse existido isso não seria motivo do mi mi mi que estão fazendo em torno do jogo.

Este falatório me parece muito mais direcionado por uma ideologia ridícula do que pela busca da verdade. Sim porque uma pesquisa besta como a minha foi capaz de obter dados grandiosos de feitos das mulheres na guerra.

Marina Raskova
Mas quem se importa com isso? Mulheres são importantes e devem ser tratadas com respeito, independente da história. Existem vários jogos onde as mulheres são protagonistas e isso nunca foi problema.

Em última análise, você tem todo o direito de não comprar o jogo. Se não te agrada, não compre. Agora a crítica de que mulheres retratadas nas guerras são "lacração" ou "tentativa de forçar alguma coisa" é sem cabimento. A argumentação por si só não tem fundamento nenhum.

E gente, estamos no século 21. Mulheres ainda sofrem diversos tipos de preconceitos e em diversas áreas ganham menos que homens. Não é um jogo que vai mudar isso para nenhum dos lados.

Já está mais do que na hora de lutarmos contra esta desigualdade e mais do que na hora de pararmos com o mi mi mi ridículo nestas questões. Nem tudo é preconceito, mas neste caso me senti na obrigação de escrever sobre o tema.

Nos vemos em Battlefield 5!


4 comentários:

  1. Mesmo concordando com tudo (ou quase tudo) que tu diz, pensando de forma semelhante e também sendo radicalmente contra o mimimi dessa galerinha millenial de segunda, há só uma questão que eu discordo parcialmente que é sobre as motivações de realizar tal representação feminina no jogo. Não vejo isso como algo ruim, só pra constar, na verdade como pai de menina até gosto de ver cada vez mais a mulher bem representada em jogos e filmes. A questão é que a decisão de colocar uma mulher como protagonista no material de lançamento do jogo não é nenhum acidente, coincidência ou mera conjuntura, mas sim uma decisão consciente e proposital, de certa forma "uma tentativa de lacrar" sim. É claro que os(as) desenvolvedores(as) e principalmente a galerinha do marketing, fez isso de propósito para gerar repercussão, para fazer sua parte na representatividade feminina e, de certa forma, acredito que para fazer alguma polêmica também, afinal é importante que as pessoas falem do jogo, mesmo que falem mal, para que ele ganhe visibilidade e, posteriormente, tração nas vendas. Mais uma vez, reitero, não vejo isso como algo ruim, essa "tentativa de lacração", mas é preciso compreender que ela de fato existe... e se tem muito "pseudo-macho" irritado com isso, é porque funcionou! Hahahaha eu sinceramente, dei muita risada dos comentários em torno desse aspecto, primeiro por saber que mulheres lutaram sim na guerra, apesar de que em números muito menores do que homens, e que muitas delas tiveram suas histórias suprimidas pela necessidade ancestral de censurar os exemplos de heroísmo feminino, afim de manter o status quo do homem como herói da guerra.

    mas enfim, 90% desses mongolões que tão reclamando vão acabar jogando e vai ser um prazer matá-los usando uma personagem feminina.

    Meu nome no Blogspot é meio estranho, talvez vc não reconheça, então só pra vc saber quem escreve aqui é o Douglas d'Aquino. Abraço, e belo artigo.

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    1. Ah Douglas, valeu pelo comentário! Eu entendo a questão que você colocou, mas pensei no artigo simplesmente no aspecto dos comentários que ele tem recebido. A galera não pesquisa pra ver e corre pra dizer que mulher não lutaram na Guerra, como se isso diminuissea importância delas em alguma coisa ou como se o produtor não tivesse a liberdade de imaginar algo.

      Achei fascinante e não conhecia algumas histórias que pesquisei e concordo com você com a questão de que é muito bom ver mulheres sendo retratadas nos jogos, filmes e livros de maneira forte e importante.

      Não entro no aspecto do propósito da produtora, pois essa não é a minha fonte de análise.

      Abraços!

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  2. Amei saber que várias mulheres lutaram na guerra. Parabéns pelo artigo, serviu para me animar a jogar Battlefield, ou pelo menos testar. rs

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