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Contos (não tão) de Fadas 005 - A Bela e a Fera


Ou seria a Fera e a Bela?

Olá pessoal.

Mais uma vez trago aqui na coluna Manjabooki um conto da série de origem dos contos de fadas. Desta vez, trazemos a origem do conto A Bela e a Fera, imortalizado pela Disney e que se tornou um dos mais famosos contos infantis de todos os tempos.

A origem do conto gera muitas discussões por parte dos pesquisadores. A Bela e a Fera possui uma temática explorada à exaustão ao longo dos tempos por conta dos objetivos que ela deseja alcançar.

Como eu já expliquei aqui, mas é sempre bom repetir, os contos antigos tinham como função transmitir alguma mensagem ou ensinamento e muitas vezes eram voltados para um publico mais adulto, explorando temas sérios, como sexualidade, criminalidade e penalizações. Branca de Neve é um clássico nesse ponto e particularmente diferente da versão da Disney.

As referências ao conto são muitas. Desde Eros e Psique, narrado no conto latino de Apuleio, passando por contos russos e chineses que sempre mostravam um personagem masculino, sofrendo uma penalidade por algum motivo, sendo transformado numa besta - seja uma serpente, um javali ou algo do tipo - e uma jovem mulher que acaba vendo na fera algo mais.

As origens mais plausíveis e aceitas são as versões de Gabrielle-Suzanne Barbot, de 1740, e Jeanne-Marie LePrince de Beaumont, de 1756.

No enredo original, Bela era a filha mais nova entre as três filhas de um rico mercador. Bela era humilde e gentil enquanto suas irmãs gostavam de luxos e riquezas (tipo cinderela).

O mercador acaba perdendo sua fortuna, restando apenas uma casa distante da cidade. A irmãs de Bela, gananciosas que eram, ficaram irritadas com a situação, enquanto Bela passou a ajudar o seu pai, entendendo a situação em que estavam.

Um dia, o mercador recebeu notícias de que a cidade estavam prosperando novamente e decidiu verificar. Ele disse as suas filhas que se a situação melhorasse ele compraria presentes a elas. As duas mais velhas pediram vestidos luxuosos enquanto Bela pediu somente uma rosa. Quando voltava para casa, o mercador foi surpreendido por uma tempestade e se abrigou num castelo que havia perto do caminho que seguia. 

O mercador se surpreendeu com mais uma coisa: Ele passou a notar que sempre que precisava de comida ou dormir confortavelmente o pedido era atendido como que por encanto. O mercador passou a noite no castelo sendo servido sempre que precisava.


Pela manhã ele avistou um belo jardim no lado de fora e decidiu colher uma rosa, para atender ao pedido de Bela. Porém, uma Fera imensa e pavorosa apareceu e decidiu prendê-lo. Implorando pela vida, o mercador tentou argumentar, mas a Fera disse que apenas deixaria ele ir se ele lhe trouxesse uma de suas filhas em troca.

Como vocês devem imaginar, o mercador entristecido chegou em casa e contou a história para as filhas. Bela se ofereceu para ir no lugar do pai que, mesmo contrariado, aceitou deixar a filha ir.

Bela imaginou que seria devorada, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, a Fera mostrou ser sensível, tratando Bela como uma princesa. Bela auxiliava nos afazeres do castelo, mas recusava aos pedidos de casamento que começaram a acontecer por parte da Fera.

Uma dia Bela pediu para ir visitar a família, prometendo retornar. Fera combinou que Bela deveria retornar em uma semana e para isso deveria colocar seu anel sobre a mesa de casa que uma mágica aconteceria. Bela retorna e quando suas irmãs a vêem bem vestida e feliz, ficam com inveja, pois ela estava de fato vivendo como uma princesa. 

As irmãs então armam uma situação, fazendo com que Bela esquecesse do combinado, na esperança de irritar a Fera. Um dia, Bela tem um sonho em que a Fera estava morrendo e se lembra do combinado de retornar para ele. Ela percebe que nutria sentimentos pela Fera e decide colocar o anel em cima da mesa, aparecendo instantaneamente no castelo, onde Fera de fato estava morrendo.

Bela, ao ver a situação, decide aceitar o pedido de casamento, revelando seus sentimentos para a Fera. No momento em que isso acontece, a Fera se transforma num príncipe, pois havia um encantamento que só seria quebrado no dia que uma mulher aceitasse se casar com a Fera.

Podemos notar diferenças claras entre as versões de Jeanne-Marie e da Disney. Na versão da Disney, imortalizada na bela animação de 1991, Bela não tem irmãs e o castelo da Fera tinha sido encantado por uma fada malvada, que havia oferecido uma rosa ao príncipe. Os criados do príncipe foram transformados em objetos domésticos e a rosa (uma referência a rosa que a Bela original pediu ao pai) havia se transformado numa espécie de relógio. Quando a última pétala caísse a transformação seria permanente.


Como curiosidade vale notar que não há menção a personagens clássicos da Disney, como o Gaston, que desejava a mão de Bela, a bruxa malvada, entre outros. E tanto nas versões de Jeanne-Marie como na de Gabrielle-Suzanne, não há descrição de como a Fera se parece. Em alguns casos ele até mesmo foi colocado como um javali. Num conto da escandinávia, a Fera é um imenso urso branco.

Aqui temos vários temas como inveja, ambição e humildade sendo abordados, definindo claramente para a sociedade o que era bom e o que era mal. 

A história continua viva e atual, mesmo remontando a séculos atrás, e em breve vai ganhar uma adaptação para o cinema.

Um abraço e boas leituras.

5 comentários:

  1. Eu sou apaixonada por contos de fadas, adorei esse post! Eu assisti as duas versões, em 2015 saiu no cinema a versão francesa! Tanto A Bela e a Fera como Sleeping Beauty são de origem francesa! A versão do cinema que sairá em breve esse ano parece ser uma réplica do desenho, vi um pedacinho do trailer! Eu amei, os contos sempre tinham uma mensagem a passar! Curioso essa imagem da fera como ela é realmente retratada! Bela que era simples e humilde acabou virando princesa, realmente no desenho não há a referência das irmãs! Como essa cultura é forte, vamos pensar bem, quando eu assisti e li a versão francesa, eu logo pensei de imediato, mas Bela não tem irmãs no desenho! Isso tá errado! hehehe
    As pessoas pensarem um pouco mais no amor verdadeiro que eu acredito que exista e não em seus próprios interesses! Bjus

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    1. Oi Elisa, obrigado pelo comentário. Com certeza as diferenças são muitas, mas como no original a ideia era passar alguma mensagem, creio que as alterações atuais são para a mesma função. Aproveita e confere nossos posts sobre a origem dos contos da Branca de Neve, Rapunzel, entre outros.

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    2. Sim vou conferir certo, eu amei o post! A mensagem a ser transferida hoje, ela vem de encontro com a demanda contemporânea é claro, também tem muito a ver com a ideia de amor romântico e amor construído, já que em séculos passados o casamento era visto como uma prática de interesses! Também reforça a ideia de que toda menina é uma princesa!

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  2. Amei! Amo a história da Bela e a Fera, em todas as suas versões! E ja li e assisti, algumas versões, mais parecidas com a original!

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