Contos (não tão) de Fadas 004 - Peter Pan

“Segunda à direita, sempre em frente até o dia amanhecer”.

Fala pessoal, como já havíamos anunciado em algumas redes sociais, hoje trazemos mais um artigo da série sobre a origem dos contos de fadas.

E hoje falaremos um pouco sobre a origem e algumas curiosidades da história de Peter Pan.

Infelizmente terei que fazer este artigo um pouco diferente. O motivo é que a história original possui 160 páginas (pelo menos na versão que eu consegui para ler), e seria meio impossível trazer o texto, ainda que resumido, como das outras vezes.



O texto original é assinado pelo escritor James Matthew Barrie. Nascido em 1860 na Escócia, era o nono filho de um tecelão e uma dona de casa. Sempre acostumado a ler folhetins populares, histórias sensacionalistas e aventuras, James Barrie foi fortemente influenciado por estas histórias nas suas criações futuras, principalmente a história “A Ilha de Coral” de Ballantyne, que serviu de inspiração para a criação da famosa Terra do Nunca.

Porém, suas fontes mais curiosas foram menos felizes. Em 1866, seu irmão mais velho, David Barrie, morreu num trágico acidente enquanto patinava no gelo. David tinha apenas 13 anos quando morreu e o acidente trouxe um profundo impacto em toda a família. Margaret Ogilvy, mãe de James Barrie, criou uma história para consolar seus filhos e a si mesma, narrando que David havia ido para um mundo onde ele seria uma criança para sempre. Relatos indicam que ela conversava com seus filhos sobre sua própria infância, contando que quando sua mãe morreu ela se tornou “dona de casa e mãe de seu irmãozinho”, embora ainda fosse uma criança também. James retirou deste episódio não só os primeiros conceitos da Terra do Nunca como a criação da própria Wendy Darling, que acaba agindo como mãe de Peter e dos Lost Boys no conto.

Pulando para 1891 temos James já publicando artigos para o Nottingham Journal, onde alcançou certo sucesso. Em 1984 ele se casou com Mary Ansell, mas o casamento não deu certo. Como não teve filhos, passou a viver sozinho, gastando parte do seu tempo em passeios com seu são bernardo no parque Kensington. Este são bernardo foi a inspiração para Naná, de Peter Pan.

Num dos passeios, o escritor se tornou amigo de Arthur e Sylvia Llewellyn Davies e seus filhos. Esta família traria o impacto final para a criação de sua principal obra.

James Barrie escreveu sobre sua amizade com George, um dos meninos, em O Pequeno Pássaro Branco, livro em que Peter Pan aparece pela primeira vez. Peter era o nome do filho mais novo dos Davies, e na história, Peter Pan havia sido um pássaro que se transformou num bebê e conservou a habilidade de voar.

Em Novembro de 1903 a obra começou a ser definitivamente escrita em formato de peça teatral. No final daquele ano, a estreia foi um sucesso imediato e elogiada pela crítica como uma das melhores peças escritas para crianças.

Contudo, em 1909, enquanto James Barrie adaptava a obra para o formato de livro, Arthur Davies faleceu, vítima de cancer. Dois anos depois, Sylvia também faleceu vítima da mesma doença e Barrie se tornou guardião dos cinco meninos dos Davies.

O livro, intitulado Peter Pan & Wendy, foi e continua sendo um sucesso. O texto original não se difere muito da versão da Disney, mas possui alguns detalhes mais sombrios e algumas alterações de personalidade.

Sininho é muito mais ciumenta e sua participação na vida de Peter não parece ser muito importante, como no desenho. Em uma das visitas de Peter Pan à casa de Wendy, ele chega a dizer que Sininho pode ter morrido, uma vez que a menina percebe que a fada não estava com ele.

No mais tudo está ali. Os Garotos Perdidos, Sininho, o Capitão Gancho, os Índios, as Sereias. Peter Pan imita um galo sempre que vai lutar, o Capitão Gancho tem medo do crocodilo e Wendy se torna uma espécie de mãe de Peter e os demais garotos. Mas o texto possui um ar mais profundo. Peter Pan realmente mata o capitão gancho, empurrando o pirata do navio em direção a boca do crocodilo, por exemplo.

A parte que mais difere da versão da Disney é o final, sem dúvida. No retorno das crianças para casa, após derrotarem o Capitão Gancho, a família de Wendy adota os garotos perdidos, mas Pan decide voltar a terra do nunca. Eles combinam que Wendy possa ir para lá durante as primaveras para ajudar Peter com as tarefas de casa (ensinadas por Wendy durante seu tempo na Terra do Nunca), mas Wendy acaba crescendo e não consegue mais voar. Então Peter decide levar sua filha para lá e, posteriormente, a neta de Wendy acaba indo também, deixando assim no ar que Peter Pan realmente nunca envelhece e as decendentes de Wendy se transformam em mães dele.

Por ser mais atual que os contos dos irmãos Grimm, a história de Peter Pan tem menos fatores sombrios, mas não deixa de ser fabulosa. Com pequenas partes diferentes, principalmente o final, que é bem diferente da versão da Disney, Peter Pan é uma excelente leitura para todos os que gostam de contos de fantasia.

Boas leituras!!!